domingo, 26 de abril de 2009

Do alto da montanha


Acordar domingo de manhã e chegar à conclusão de que precisa ler muitos textos ainda hoje. Além disso, é claro, pensar um pouco e sonhar também a respeito de um futuro não tão distante assim.

Eu sempre tive em mente um objetivo certo, e isso chega a ser engraçado porque vejo tantas pessoas perdidas. Em todos os momentos da minha vida parece que sempre busquei realizar um sonho apenas, ainda que tenha tomado caminhos diferentes do idealizado a princípio.

Mas hoje de manhã, tendo momentos de reflexão e escutando músicas que eu considero "iluminadas", eu percebi que fiz as escolhas certas, ou então, a vida me levou para o caminho certo. Quando se tem planos tão fechados é muito difícil desconsiderá-los quando frustrados. Isso é um processo doloroso, mas muito importante para o próprio crescimento pessoal.

Reza a lenda que um dos primeiros astronautas a desbravar a Lua, ao regressar para a Terra olhou pela pequena janela e viu de longe o planeta azul, magnífico. E em um momento ele colocou o polegar no vidro e tapou o planeta.

Naquele instante ele viu tudo o que se relacionava com ele desaparecendo em meio à imensidão escura do universo. De acordo com esse astronauta, sua vida mudou a partir daquele momento. Ali do alto ele enxergou o que realmente importava e passou a ver a vida de uma maneira muito diferente.

Essa é a grandeza de ver as coisas do alto, de subir a montanha para enxergar melhor seus próprios conceitos e perceber que você pode estar no caminho certo para a realização de seus objetivos, ou não. Hoje percebo que há um propósito maior para as coisas acontecerem de determinada maneira. Quanto mais eu escalo rumo ao pico da montanha, mais eu visualizo as coisas de maneira diferente.



Eu realmente não sei se sou bom para o jornalismo, e se realmente tudo o que eu planejei ao entrar nesse mundo fantástico que preciso viver "24 horas por dia" vai se tornar verdade daqui a alguns anos. Mas sei que a insegurança não pode se tornar um empecilho e que sonhar não é problema... Mas agora eu preciso terminar de ler o que eu tinha proposto para hoje, afinal de contas, isso é parte da escalada.

"Oh, A change of heart comes slow
It's not a hill, it's a mountain
As you start out the climb
Do you believe me, or are you doubting
Oh We're gonna make it all the way to the light"

domingo, 19 de abril de 2009

Desbravador de sombras


Encontrar-te ficou deveras complicado
Na minha mente existe apenas o espectro do teu sorriso
Tenho teu cabelo e teu cheiro
Apenas nos sonhos

As esquinas que cruzei
Os mares que nadei
O mundo novo que desbravei
Apenas para encontrar-te
Mesmo não te conhecendo

Mesmo assim possuia tua imagem
Teus gestos
Já conhecia todos os teus medos
Todos os teus erros

Os lugares pelos quais passei
As correntezas que enfrentei
O mundo que descobri
Foi tudo por ti

Apenas para encontrar-te

Presos no passado


Diante de dois personagens emblemáticos eu percebo que um dos maiores desafios da velhice é reconhecer que os tempos mudam, ainda que as lendas permaneçam.


O primeiro desses personagens é o xerife Bell vivido por Tommy Lee Jones no filme “Onde os fracos não tem vez”. O velho oeste já não é o mesmo e o xerife não consegue compreender que os costumes mudaram e os crimes também. Quando na década de 80 o tráfico de drogas toma proporções gigantescas na fronteira do México com os Estados Unidos e os crimes assumem um grau de complexidade muito alto, o xerife se torna apenas alguém que fomenta o mito de um assassino misterioso sem conseguir alcançá-lo.


O segundo personagem é Walt Kowalski, vivido por Clint Eastwood em “Gran Torino”. Um veterano de guerra que não reconhece mais o próprio país em que vive. Um bairro antes familiar, típico dos católicos americanos agora é um caldeirão de línguas, cheio de imigrantes, um verdadeiro gueto de ruas vazias. E é nesse lugar que o velho viúvo tem que enfrentar seus próprios preconceitos em relação ao presente para não sentir os efeitos da solidão.

Ambos os personagens estão perdidos em seus próprios lares. Viver meio século no mesmo lugar, moldando costumes e depois não compreender quem são em meio aos tempos contemporâneos é uma temática recorrente em ambos os filmes. Em uma cena de “Onde os fracos não tem vez” o xerife comenta com outro oficial a dificuldade de ver os jovens do Texas com os cabelos coloridos e costumes diferentes dos que foram disseminados como corretos.

O xerife Bell sempre chega atrasado diante de um assassino misterioso, tendo em si mesmo a frustração de não conseguir mais acompanhar a dinâmica dos acontecimentos que o rondam. Walt Kowalski possui uma grama aparada em seu jardim e uma bandeira americana hasteada, e tem que lutar contra si mesmo de uma maneira dura, ao perceber que tem mais coisas em comum com os imigrantes do que com os seus próprios filhos.

Diante do abatimento, cansaço e resignação esses dois personagens são a representação de uma geração americana conservadora, cheia de padrões e convenções. Uma geração que não tem mais vez diante da mutabilidade do mundo, e que por isso mesmo, sofre mais as conseqüências das transformações cada vez mais aceleradas.

É o Gran Torino da potente indústria automobilística americana e o velho oeste mítico que apresentam mudanças muito fortes. Não é uma questão de ser fracos (como o título “Onde os fracos não tem vez” sugere), mas sim da aplicação do título original que nos permite visualizar melhor esse panorama, afinal de contas, são personagens que representam o choque de gerações. Dois homens simples que não entendem a mudança dos tempos.

sábado, 18 de abril de 2009

It's not a hill, it's a mountain

Ainda acredito plenamente em trilha sonora, sempre vai existir uma música que parece composta sob medida. A bola da vez é a música “I'll go crazy if I don't go crazy tonight” do U2 (pra variar). Mas é engraçado como essa música conseguiu me fazer sentir bem como não me sentia há muito tempo.

Seria realmente verdade que uma geração tem a chance de mudar o mundo? Essa é uma pergunta que eu realmente não sei responder. Mas essa letra me fez analisar alguns pontos interessantes da minha vida. Sim, eu andava muito frustrado com o jornalismo e com os rumos da minha vida em geral, mas agora parece que eu começo a encontrar o caminho certo. Como eu poderia estar tão perto da verdade e não ver? Talvez o problema está no fato de usar a visão ao invés da visibilidade.


Mas nessa vida louca que construímos e desconstruímos todos os dias, percebemos que nossos corações não parecem mudar tanto assim. E diante da iminência de algo possivelmente novo, nos deparamos com a verdade – a escalada da vida não é em uma simples colina. Eis uma montanha diante de nós, diante dos nossos medos. Alcançar o topo é acreditar que chegaremos à luz. Coisas assim nós só descobrimos quando começamos a escalar!



She's a rainbow and she loves the peaceful life
Knows I'll go crazy if I don't go crazy tonight
There's a part of me in the chaos that's quiet
And there's a part of you that wants me to riot


Everybody needs to cry or needs to spit
Every sweet tooth needs just a little hit
Every beauty needs to go out with an idiot
How can you stand next to the truth
and not see it?

Oh, A change of heart comes slow
It's not a hill, it's a mountain
As you start out the climb
Do you believe me, or are you doubting
Oh We're gonna make it all the way to the light

But I know I'll go crazy if I don't go crazy tonight

Every generation gets a chance to change the world
Pity the nation that won't listen to your boys and
girls
‘Cos the sweetest melody is the one we haven't heard
Is it true that perfect love drives out all fear?
The right to appear ridiculous
is something I hold dear
Oh, but a change of heart comes slow

It's not a hill, it's a mountain
As you start out the climb
Listen for me, I'll be shouting
Oh,we're gonna make it all the way to the light
But you now I'll go crazy if I don't go crazy tonight

Baby, baby, baby, I know I'm not alone
Baby, baby, baby, I know I'm not alone


It's not a hill, it's a mountain
As you start out the climb
Listen for me, I'll be shouting
Shouting to the darkness,
squeezing out sparks of light

You know we'll go crazy
You know we'll go crazy
You know we'll go crazy
if we don't go crazy tonight


Oh oh
Slowly now
Oh oh


terça-feira, 14 de abril de 2009

Entre perdidos e achados


If I told you things
I did before

Told you how I used to be
Would you go along with someone like me?
If you knew my story word for word
Had all of my history
Would you go along with someone like me?


everyone wants to be found...

"Só há uma coisa mais importante do que não falar sobre sua vida privada: não falar sobre por que você não quer falar sobre sua vida privada."

O texto em inglês e a frase foram retirados de um profile de uma pessoa no Orkut. Ao ler me veio na memória, além é claro de 'Encontros e Desencontros', o filme alemão 'A vida dos outros' e também um livro chamado 'História da vida privada'.

Até que ponto alimentamos farsas em relação a nós mesmos? Eis uma pergunta importante para se fazer. Quero refletir sobre esse filme no próximo post, e também sobre a relação (que existe para mim) entre alguns aspectos dos filmes, 'Gran Torino' e 'Onde os fracos não tem vez'.

Mas por hoje quero deixar no ar a angústia que eu sinto toda vez que vejo 'Encontros Desencontros'... Afinal de contas, nós realmente queremos ser encontrados?

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O mar: de Dorival Caymmi para Vanguart


O mar, quando quebra na praia
É bonito, é bonito

O mar... pescador quando sai
Nunca sabe se volta, nem sabe se fica
Quanta gente perdeu seus maridos seus filhos
Nas ondas do mar

O mar quando quebra na praia
É bonito, é bonito

Pedro vivia da pesca
Saia no barco
Seis horas da tarde
Só vinha na hora do sol raiá

Todos gostavam de Pedro
E mais do que todas
Rosinha de Chica
A mais bonitinha
E mais bem feitinha
De todas as mocinha lá do arraiá

Pedro saiu no seu barco
Seis horas da tarde
Passou toda a noite
Não veio na hora do sol raiá

Deram com o corpo de Pedro
Roído de peixe
Sem barco sem nada
Num canto bem longe lá do arraiá

Pobre Rosinha de Chica
Que era bonita
Agora parece
Que endoideceu

Vive na beira da praia
Olhando pras ondas
Dizendo baixinho
Morreu, morreu, morreu
O mar quando quebra na praia

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fotografando a recessão

"Estamos vivendo o ápice da globalização" - era isso que dizia meu professor de geografia na sétima série. Se naqueles anos era o ápice eu nem sei classificar a tal globalização nos dias de hoje. Naquela época falava-se de mercados comuns cada vez mais fortes, crescente conexão mundial através da rede de computadores, além de muitas outras "profecias" que foram se cumprindo com o passar das horas (sim, no século XXI tudo é muito rápido)!

Atualmente o tema que é pauta em toda e qualquer redação de jornal ao redor do planeta é a crise financeira. Eu poderia até falar sobre os pacotes incomensuráveis e dos indicadores da Dow Jones. Mas o que me traz novamente para uma reflexão acerca da crise financeira é a posibilidade de vê-la de outros ângulos.

A editoria de política da versão on-line do The New York Times inaugurou uma sessão online chamada "Fotografando a recessão". Diferentemente do pós-1929, quando o governo americano através da FSA documentou em fotos os efeitos da crise, agora quem publica imagens da recessão é o próprio leitor do jornal de qualquer lugar do mundo.

É ai que a globalização parte para a ótica do particular, afinal de contas, que crise é essa que estamos vivendo? Como as pessoas são afetadas? O que elas esperam do futuro? Nas fotos estão registrados fatos como o crescimento no número de flyers oferecendo algum tipo de serviço, cartazes de lojas anunciando que vão fechar e filas imensas de candidatos a emprego em Nova Iorque.

Ultimamente a crise parece um assunto muito abstrato, com jargões típicos da economia, tudo muito complicado e difícil de compreender. A proposta do The New York Times de publicar a crise a partir dos leitores é uma excelente maneira de mostrar ao mundo as contradições dessa crise, que vai muito além de indicadores e reuniões de cúpula.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Heart

"Sometimes happen with your heart"

Living is easy with eyes closed
Misunderstanding all you see
It´s getting hard to be someone
But it all works out
It doesn't matter much to me

(Strawberry fields forever, THE BEATLES)


Uma imagem colhida pelo fotógrafo Alan Sailer que retrata o exato momento em que um projétil acerta o morango.