terça-feira, 28 de junho de 2011

Desbravador de Sombras

Encontrar-te ficou deveras complicado
Na minha mente existe apenas o espectro do teu sorriso
Tenho teu cabelo e teu cheiro
Apenas nos sonhos

As esquinas que cruzei
Os mares que nadei
O mundo novo que desbravei
Apenas para encontrar-te
Mesmo não te conhecendo

Mesmo assim possuia tua imagem
Teus gestos
Já conhecia todos os teus medos
Todos os teus erros

Os lugares pelos quais passei
As correntezas que enfrentei
O mundo que descobri
Foi tudo...

Apenas para encontrar-te


(19 de Abril de 2009)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Eu sou eu e minhas circunstâncias"

Por gravitar ao redor da grande cidade acabei me deparando com meus próprios sonhos e realizações.Talvez eu nunca tivesse pensado nisso de forma sistemática.

Talvez era realmente necessário que eu estivesse aqui - fisicamente no sítio dos "acontecimentos" - para que me desse conta de que existe uma conexão instrínseca entre as decisões que tomei e os rumos do planeta nesse século XXI. Talvez eu tenha sido empurrado pela História, mas apenas hoje desemboco aqui e compreendo um pouco melhor tudo isso.

Eu tinha apenas 12 anos quando aviões se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York (eu já escrevi sobre o tema aqui mesmo, no blog). Era o acontecimento que marcaria o início do século. A cobertura maciça dos meios de comunicação me expuseram a uma realidade que eu conhecia apenas nos livros de História e nas enciclopédias. Aquele dia e os meses seguintes foram determinantes para que eu decidisse estudar Jornalismo. Um pré-adolescente vislumbrado com um tipo de beleza que apenas a tragédia pode proporcionar.

Um pouco depois, em 2003, mísseis eram despejados em Bagdá. Explosões causadas por Tomahawks, jornalistas no front e toda a tecitura de conversas diplomáticas - costuras em prol da guerra (ou não). Naqueles dias eu decidi que queria compreender melhor como a guerra, enquanto promotora da catástrofe, funcionava. Quais eram as conversas por trás dos ataques? As estratégias e os reais motivos? O conflito no Iraque foi, sem dúvidas, determinante para que eu me voltasse para as relações internacionais e os estudos a respeito de globalização e ciência política. 

Um acontecimento desencadeando outro, e de tabela, me levando a explorar áreas afins. Estes são os fatos que me cercam nestes dias. "E sou eu e minhas circunstâncias", e hoje reflito um pouco mais sobre tema e penso no futuro. E é interessante perceber que a História conseguiu me influenciar de uma maneira intensa, construindo muito do que sou. 

Não se trata apenas de uma análise do passado, como os professores daquele pré-adolescente teimavam dizer. A História é viva e contínua. Talvez os acontecimentos acima citados não tenham afetado tanto outras existências quanto a minha. Mas certamente existiram fatos e momentos que determinaram o que cada pessoa é, veio a ser ou será. 

De certo modo, com tantas referências e conclusões tiradas agora - no calor do momento - tenho como certo que os livros, as revistas e tudo o que eu vivi nos últimos anos - seja estudando Jornalismo ou durante minha intermitência "política" nas terras geladas resultou no que eu "sou" hoje. 

E por ser exatamente o que "as circunstâncias me levaram a ser", olho tudo como um processo e me vejo completamente integrado a ele - sem arrependimentos, sem escolhas erradas. A grande cidade é o centro do mundo para muitos, e eu não sei se a considero desta maneira. O que sei é que aqui pude encontrar um pouco de mim pelos lugares que passei, e pude responder alguns questionamentos que sempre fiz e que até então ocupavam o espaço entre a sonolência e o amanhecer do outro dia. 

NYC, 16 de Maio de 2011


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Encontros e Despedidas

"E assim chegar e partir"



As pessoas entram em nossas vidas e se integram perfeitamente ao nosso cotidiano. E então, o sentimento de "estrangeiro" acaba passando, e você se sente totalmente à vontade nessa nova vida. Mas a cortina se fecha e mais uma vez é preciso estar diante do dilema entre chegar e partir.

Ando pensando muito a respeito desses movimentos da vida. As mudanças que nos ocorrem e os sonhos que povoam nossas mentes. Talvez seja o impulso de realizar tudo o que desejamos que acaba nos distanciando de alguns e nos aproximando de outros. E esse é um fluxo continuo, e diário. Aeroportos, terminais rodoviários e estradas são apenas metáforas das nossas próprias vidas. Ainda que permaneçamos parados, sempre haverá mudança ao redor.

Sinto um pesar em deixar uma cidade pelo simples fato de que eu nunca mais a verei como a vejo agora. E talvez eu nunca volte a me relacionar (com a cidade e as pessoas) do mesmo jeito - simplesmente porque mudamos a maneira como olhamos a vida.

Nesse movimento de partidas e chegadas acabamos mudando, nos adaptando, nos transformando. Talvez não pensemos muito que estamos constantemente mudando (internamente, geograficamente, socialmente...) quando desfrutamos de vidas confortáveis e não precisamos mudar todas as "bases" que nos sustentam.

Continuo à espera, no terminal, mas posso dizer que as malas em que carrego minhas emoções e lembranças são cada vez maiores e mais pesadas. É o eterno sofrimento de quem não aprendeu ainda a equacionar passado, presente e futuro. "Eu sou eu e minhas circunstâncias", e as carrego comigo pra onde quer que eu vá, não importa o peso.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Open your eyes up

Há alguns dias na estradaNos últimos meses cheguei e parti tantas vezes! Cada cidade deixou marcas diferentes -  talvez porque cada lugar, com suas peculiaridades, proporciona experiências distintas.

Como disse Italo Calvino em Cidades Invisíveis:  "Arriving at each new city, the traveler finds again a past of his that he did not know he had: the foreignness of what you no longer are or no longer possess lies in wait for you in foreign, unpossessed places." E é exatamente isso! A literatura fantástica de Calvino ecoa na minha mente a cada quilômetro deixado para trás, cada adeus, cada despedida de pessoas tão especiais.

 Não tive muito tempo para postar aqui as "desventuras" vividas em cada cidade, mas em breve espero ter tempo de digitar tudo o que escrevi no meu diário de bordo. Os lugares, os diálogos, as descobertas, divagações...

Por enquanto, eu deixo aqui a música que eu não canso de ouvir nos últimos dias - Rise Above, do musical Spider-Man Turn Off the Dark. Acho que "ser uma pessoa melhor", "olhar adiante" e manter a esperança de que meus sonhos se tornarão realidade são as grandes lições dos últimos dias. Peter Parker é meu heroi favorito justamente porque ele pode ser qualquer um de nós, cheio de controvérsias e crises.

É estranho viver toda essa profusão de ideias, conceitos e mudanças. É como se eu estivesse prestes a voltar e apenas apertar o "play" de uma vida que está congelada desde que eu peguei aquele avião em dezembro do ano passado. 
Mas como a própria música diz "you can rise above, open your eyes up". O mundo nos espera!

Recentemente Bono, Edge e Reeve Carney tocaram a música no American Idol. E em se tratando do musical, acho que nem preciso dizer o quanto gostei (Julie Taymor, Bono, The Edge, 65 milhões de dólares, homem aranha voando sob nossas cabeças)...  
  



It's the time for...
It's the time for trust
There is no doubt, only us
It's the time for reason
As I and all... know
It's the time to let go
And rise above
And you said rise above
Open your eyes up
And you said rise above
Yourself