sábado, 13 de novembro de 2010

Entre a liberdade dos poetas e a sabedoria dos covardes


Uma vez me disseram que ler a antologia poética de Vinicius de Moraes poderia ser muito perigoso para aqueles que por um motivo qualquer não acreditavam no amor. Primeiro por que o fato de não acreditar no amor pode revelar um bloqueio, um trauma ou coisa assim - e do outro lado da balança você tem Vinicius e seus escritos, que revelam um eterno apaixonado que viveu esse lado da vida de modo "intenso", como poeta e bon vivant que era.

Na época, eu li todos aqueles poemas e cartas - e nem era uma antologia tão grande assim. Mas naquele momento eu havia decidido que este lado "afetivo" é importante, e é necessário nutrir algum tipo de esperança ainda que... ainda que... as experiências não tenham sido tão boas assim.



Encontrar o par perfeito, dividir problemas, rir, sair, namorar, casar, enfim, eu acredito que para viver tudo isso é preciso ter uma alma de poeta, pronta para pular do precipício se preciso for (aliás, muitos definem casamento como pular de um precipício, enforcar-se...). Esse love way of life tem lá suas desvantagens, mas quer saber? Que se dane! Talvez chegará o dia em que você olhe pra trás e perceba que deu o melhor de si, ainda que os resultados não tenham sido tão "favoráveis" assim. Mas eu tento acreditar que os esforços darão bons resultados no futuro.

Conversando com um amigo sobre o tema, acabamos relembrando Vicky Cristina Barcelona - filme que (ao meu ver, sem pretensões críticas chatas) chega a 'descomplicar o amor', mostrando que este sentimento é, na maioria das vezes, irracional - isso com muita sedução, humor e é claro uma dose de ironia. "Por que tanto perde-se/Tanto buscar-se/Sem encontra-se?" são versos cantados na música tema do filme, e já dizem muito a respeito de buscar algo [o amor], nem sempre encontrá-lo, e continuar procurando. Paradoxo humano?!

Depois de Vinicius, Woody Allen e muitas divagações, eu pergunto: vale a pena mergulhar intensamente em algo arriscado? Ou seria melhor ser um covarde sábio, como sugere o texto abaixo?

"Amor, paixão, ódio, nada consegue provar se há diferença entre eles. De igual, para começar o efeito de mudança sobre si mesmo e, meu rapaz, mudar não é coisa para qualquer um. Por isso tem tanta gente que não ama, nem é amado. São os que não aguentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar. Pois a paixão é incerta, não aceitando o estabelecido. O amor, pior, engana, garantindo que poderá ser estável e infinito. E o ódio, rapaz, esse é sempre eterno. Portanto, quem é que não ama, não se apaixona, não odeia? Os covardes? Com certeza. Os covardes, entretanto sábios. Naquele conceito de sabedoria que mata você de velho. E morrer de velho, convenhamos, é a coisa mais humilhante do mundo." (Fernanda Young)

2 comentários:

  1. grande fernanda young.

    [toda vez que vejo "somewhere" lembro daquela música "somewheeeeere over the rainbooow". hahaha]

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  2. morrer de velho deve ser meio entediante. hahaha

    'São os que não aguentam levantar a tampa que os protege do incerto, e mudar.' ;x

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