Depois de um dia de trabalho, o que me resta é cantar Hey Jude com essa multidão que lotou uma praça em Londres, e aprender com a sábia letra:
hey Jude, contenha-se,
Não carregue o mundo em seus ombros"
Communication. International Affairs. Politics. Photography. Culture. Thoughts. Memories.
Não, Julho não foi como eu gostaria que fosse – na verdade sempre fui acostumado com férias mórbidas e paradas no interior de Goiás. Neste período era tudo muito ritualístico: livros, filmes, TV e comida. Mas eis que nestas férias as coisas mudaram significativamente.
Além de ter passado quase o mês inteiro indo para a Rádio Universitária, ainda tem a correria dos dias que antecedem a terceira edição do Perro Loco Festival. Será um início de semestre um tanto quanto estressante, e de muita correria. Edição geral e monitoria do Jornal das Seis na rádio (junto com minha companheira Paula Falcão) e Perro Loco do dia 25 a 30 de Agosto.
Confesso que não esperava ter tanto trabalho. De um lado, releases, site do Festival, produção de revista, press kit, contato com imprensa e mídia universitária. Do outro, pautas, coberturas, política, economia, o mundo em constante mudança, internet, ideias, e as dificuldades de um jornal diário. Confesso que todas essas responsabilidades são novas para mim – um desafio.
Mas mesmo em meio a todo o trabalho, eu tenho tido momentos de puro prazer lendo um livro que eu já queria ter comprado há muito tempo. Trata-se de “As melhores entrevistas da revista Rolling Stone” - quarenta entrevistas épicas do peródico cultural. Confesso que sempre gostei de ler as entrevistas da RS, seja pela densidade do material, pelo tamanho (incomum para a mídia comercial) e pela certeza de que após ler, eu teria uma espécie de “raios-X” do entrevistado.
Comecei a leitura ontem, e talvez a termine muito em breve, mesmo tendo uma pilha de coisas pra ler e a redação de uma revista para fechar. Sempre que penso em ótimas entrevistas, me vêm à cabeça o trabalho dos repórteres da RS e o desprendimento da revista que possibilita ao entrevistador mergulhar de cabeça na vida do entrevistado, conseguindo ir além da obviedade. Esqueça coletivas de imprensa rápidas e o jornalismo diário que escraviza quem deseja algo, digamos, mais elaborado.
Entrevistas como as listadas pela RS demandam meses, acompanhando os entrevistados por onde quer que forem - verdadeiros encontros com seus drinques e intempéries. Conheça melhor personagens como Pete Townshend, Ray Charles, Truman Capote, John Lennon e Jim Morrison (para citar apenas os personagens das 100 páginas que li). Muitos deles receberam os repórteres em suas casas, outros, como quando Andy Warhol entrevistou Capote, vão sair para um passeio no Central Park e no caminho podem encontrar um bar, talvez.
Ou então você poderá ler o que John Lennon disse, com exclusividade, sobre o fim dos Beatles e sua relação (um tanto quanto complicada) com Paul. Entre os textos, a vida familiar, a infância e os traumas dos famosos entrevistados parecem refletir perfeitamente em seus respectivos trabalhos. Enfim, é um material rico para quem anseia um dia poder trabalhar de maneira livre, tendo a possibilidade de produzir uma entrevista que nada mais é do que uma conversa.
Eu espero ter fazer entrevistas como estas que estou lendo. Perguntas instigantes, inteligentes e provocadoras - para respostas reveladoras, e muitas vezes, históricas. E olha que ainda nem falei da descrição um tanto quanto literária de Truman Capote, que acompanhou a turnê (com orgias e festas dignas dos grandes do rock) dos Rolling Stones pelos Estados Unidos, e se negou a cumprir a pauta e escrever sobre o evento para a própria RS. Ao longo da semana vou compartilhar mais detalhes das entrevistas que tenho lido – e isso, claro, se eu tiver tempo suficiente para compartilhar o delírio deste livro.
Pra quem se interessar pelo Perro Loco, basta clicar aqui. Deixo um trecho da entrevista de John Lennon, feita em 1971, que até agora foi a melhor que eu li.
Então Brian morreu, e depois você disse que o que aconteceu foi que Paul começou a tomar as rédeas.
JOHN: Certo. Não sei o quanto disso eu quero colocar para fora. Paul possuía essa impressão, ele a tem agora, como um pai; a de que nós deveríamos ser agradecidos pelo que ele fez ao manter os Beatles unidos. Mas quando você olha para isso objetivamente, percebe que ele fez aquilo por interesse próprio. Será que foi pelo meu interesse que Paul lutou? (...)
Você tem por acaso uma imagem sua para os próximos anos?
JOHN: Oh, não. Não conseguiria pensar nos próximos anos; é horrível ficar pensando sobre quantos anos ainda existem pela frente, milhões deles... Não penso mais do que em uma semana à minha frente. Quiser
U2 - I'll Go Crazy If I Don't Go Crazy Tonight from David OReilly on Vimeo.
Men Walk On Moon
Astronauts Land On Plain; Collect Rocks, Plant Flag
A Powdery Surface Is Closely ExploredBy John Noble Wilford
Special to The New York Times
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Voyage To The Moon: By Archibald MacLeish
Houston, Monday, July 21--Men have landed and walked on the moon.
Two Americans, astronauts of Apollo 11, steered their fragile four-legged lunar module safely and smoothly to the historic landing yesterday at 4:17:40 P.M., Eastern daylight time.
Neil A. Armstrong, the 38-year-old civilian commander, radioed to earth and the mission control room here:
"Houston, Tranquility Base here. The Eagle has landed."
The first men to reach the moon--Mr. Armstrong and his co-pilot, Col. Edwin E. Aldrin, Jr. of the Air Force--brought their ship to rest on a level, rock-strewn plain near the southwestern shore of the arid Sea of Tranquility.
About six and a half hours later, Mr. Armstrong opened the landing craft's hatch, stepped slowly down the ladder and declared as he planted the first human footprint on the lunar crust:
"That's one small step for man, one giant leap for mankind."
His first step on the moon came at 10:56:20 P.M., as a television camera outside the craft transmitted his every move to an awed and excited audience of hundreds of millions of people on earth.
Este foi o início do artigo do The new York Times do dia 21 de Julho de 1969. Considerado um momento histórico para a humanidade, o dia 20 marcou a chegada do homem à Lua em plena Guerra Fria. Eu imagino o quanto aquele momento deve ter sido interessante - e confesso que queria tê-lo vivido.
No interior, as histórias são muitas, cada parente próximo tem a sua - muita gente não acredita, outras narram a história a partir da transmissão ao vivo da Rádio Nacional (que penetrava o centro-oeste brasileiro e chegava até as mais distantes fazendas). Eram outros tempos, e certamente os boatos se multiplicavam, misturando-se com descrença e curiosidade.
O site "We choose the Moon" lançado pela Biblioteca Presidencial John F. Kennedy recria os estágios da odisséia espacial, e disponibiliza fotos, audios e vídeos da missão Apollo 11 , além de discursos históricos de JFK sobre o programa. É muito interessante ver em tempo real o que acontecia naquele Julho de 1969 enquanto os astronautas estavam a caminho da Lua.
Conversas sobre como os astronautas enxergavam a Terra ou sobre questões técnicas da missão também podem ser acompanhadas no site. Os estágios da trajetória ocorrem de acordo com a evolução da missão, o que torna o site empolgante para quem tem paciência de acompanhar etapa por etapa.
Dizem que a viagem espacial mudou para sempre a vida dos tripulantes Neil Armstrong, Edwin Aldrin e Michael Collins - muitos anos depois Aldrin lançou um livro entitulado "Magnificent Desolation: The Long Journey Home from the Moon", narrando sua vida após a missão, explorando justamente os problemas e as transformaçõe posteriores à chegada em solo lunar. Ver a Terra do espaço e pisar no desconhecido devem ter sido os momentos mais impactantes na vida daqueles tripulantes.
No entanto, minha maior curiosidade é saber quais eram as espectativas do mundo em relação à missão, saber com qual olhar os jovens, velhos e crianças admiraram a Lua naquele dia 20 e sentir a atmosfera daquele tempo, descrita por muitos como "utópica e apocalíptica". Queria viver a euforia das pessoas comuns (veja a foto abaixo) que largaram tudo o que faziam para acompanhar de perto o lançamento, que até então, era apenas um sonho.