domingo, 18 de outubro de 2009

É bom estar SÓ?

Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição: não nos compreender

(Pablo Neruda)

"Ficar só e compreender a si próprio" - este tem sido meu lema nos últimos dias. Em dias de tanto barulho, trabalho incessante e correria, parece que somos sugados pela vida a ponto de vivermos algo absolutamente programado. Existem ainda aquelas convenções de "felicidade" que eu realmente não gosto...

Poderia falar sobre a felicidade instantânea (aquela ilusória, que é seguida de um imenso vazio existêncial)... mas eu quero me prender neste post à necessidade que eu tenho de ficar, ao menos um pouco, sozinho. Para alguns pode parecer estranho, mas para mim não há nada mais divertido do que ir ao cinema sozinho, ir religiosamente à banca analisar as revistas e andar pelas ruas olhando a paisagem.

Em casa, baixo um daqueles CDs antológicos que tenho a obrigação de conhecer e me deparo cada vez mais com a certeza de que ouvir um álbum inteiro é muito diferente do Top Top das paradas (vide White Album dos Beatles ou até mesmo o contemporâneo 21st Century Breakdown do Green Day). Algo pra comer, livros, revistas, DVDs e trilha sonora ajustada - tudo isso pode significar dias de intenso prazer.

Eu não tenho problemas nenhum em ficar sozinho, e percebo que as pessoas temem o silêncio, temem a ausência de barulho. No final de semana eu procurei ficar sozinho... e consegui momentos muito interessantes na minha "própria companhia", se é que me entendem. Eu vi Up (finalmente), depois tomei sorvete, caminhei pelo centro e percebi o quanto a vida é boa a partir de pequenas coisas.


Eu sempre soube que não precisarei de muito para ser feliz, e percebo que uma certa linearidade é algo que eu estou sempre buscando. No sábado, ao sair do shopping eu me deparei com duas primas mais velhas aterrorizadas pelo simples de fato de ter alguém com 20 anos sozinho em pleno sábado a noite (EU!). Talvez é ai que esteja a graça: andar sozinho, não por falta de companhia, mas por mero desejo.

Cultivar a solidão não significa querer estar só o tempo todo, mas sim perceber que estar sozinho é necessário para compreender muitas coisas (compreender a si próprio), e mais do que isso, perceber que há vida além da correria e do constante barulho ao qual estamos acostumados. E assim, as vezes é importante inflar nossas casas - nossas vidas - e sair por ai voando, cada um em busca da sua própria América do Sul.



Eu descobri neste sábado algo que daria um post - é a revista Billboard brasileira (algo tão intenso quanto a primeira vez que eu vi a R.S brasileira). E eu sei que este assunto já foi tema de vários posts e matérias, inclusive na Ilustrada - mas não poderia deixar de comentar aqui.



4 comentários:

  1. tá,ficar sozinho ÀS VEZES é bom x)
    mas só às vezes!
    beeeijo

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  2. hehe...

    é bom ouvir a própria respiração de vez enquanto...!

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  3. ficar sozinho te faz pensar que seus amigos não se sacrifiam por vc! e a gente se sacrifica por vc Périclêzinho!

    beijo!

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