segunda-feira, 27 de junho de 2011

"Eu sou eu e minhas circunstâncias"

Por gravitar ao redor da grande cidade acabei me deparando com meus próprios sonhos e realizações.Talvez eu nunca tivesse pensado nisso de forma sistemática.

Talvez era realmente necessário que eu estivesse aqui - fisicamente no sítio dos "acontecimentos" - para que me desse conta de que existe uma conexão instrínseca entre as decisões que tomei e os rumos do planeta nesse século XXI. Talvez eu tenha sido empurrado pela História, mas apenas hoje desemboco aqui e compreendo um pouco melhor tudo isso.

Eu tinha apenas 12 anos quando aviões se chocaram contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York (eu já escrevi sobre o tema aqui mesmo, no blog). Era o acontecimento que marcaria o início do século. A cobertura maciça dos meios de comunicação me expuseram a uma realidade que eu conhecia apenas nos livros de História e nas enciclopédias. Aquele dia e os meses seguintes foram determinantes para que eu decidisse estudar Jornalismo. Um pré-adolescente vislumbrado com um tipo de beleza que apenas a tragédia pode proporcionar.

Um pouco depois, em 2003, mísseis eram despejados em Bagdá. Explosões causadas por Tomahawks, jornalistas no front e toda a tecitura de conversas diplomáticas - costuras em prol da guerra (ou não). Naqueles dias eu decidi que queria compreender melhor como a guerra, enquanto promotora da catástrofe, funcionava. Quais eram as conversas por trás dos ataques? As estratégias e os reais motivos? O conflito no Iraque foi, sem dúvidas, determinante para que eu me voltasse para as relações internacionais e os estudos a respeito de globalização e ciência política. 

Um acontecimento desencadeando outro, e de tabela, me levando a explorar áreas afins. Estes são os fatos que me cercam nestes dias. "E sou eu e minhas circunstâncias", e hoje reflito um pouco mais sobre tema e penso no futuro. E é interessante perceber que a História conseguiu me influenciar de uma maneira intensa, construindo muito do que sou. 

Não se trata apenas de uma análise do passado, como os professores daquele pré-adolescente teimavam dizer. A História é viva e contínua. Talvez os acontecimentos acima citados não tenham afetado tanto outras existências quanto a minha. Mas certamente existiram fatos e momentos que determinaram o que cada pessoa é, veio a ser ou será. 

De certo modo, com tantas referências e conclusões tiradas agora - no calor do momento - tenho como certo que os livros, as revistas e tudo o que eu vivi nos últimos anos - seja estudando Jornalismo ou durante minha intermitência "política" nas terras geladas resultou no que eu "sou" hoje. 

E por ser exatamente o que "as circunstâncias me levaram a ser", olho tudo como um processo e me vejo completamente integrado a ele - sem arrependimentos, sem escolhas erradas. A grande cidade é o centro do mundo para muitos, e eu não sei se a considero desta maneira. O que sei é que aqui pude encontrar um pouco de mim pelos lugares que passei, e pude responder alguns questionamentos que sempre fiz e que até então ocupavam o espaço entre a sonolência e o amanhecer do outro dia. 

NYC, 16 de Maio de 2011


Um comentário:

  1. Seu texto me lembrou uma das coisas pelas quais percebi que precisava ser jornalista. Eu sempre fui a menina dos números. Adorava física e informática. Queria estudar Engenharia Mecânica.
    Daí, quando houve a invasão do Iraque, em 2003, eu ficava praticamente 24 horas em frente à TV, assistindo às reportagens daquela tragédia. O fato é que eu peguei um caderno e comecei a escrever. Eu precisava escrever tudo o que eu achava da guerra. Na minha cabeça (que nem imaginava como seria a Internet hoje) eu precisava narrar e analisar tudo o que acontecia. Eu tinha medo que o tempo passasse e aquilo tudo ficasse perdido, como apenas um fato histórico.

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