sábado, 23 de julho de 2011

I can't make you love me

Relacionamentos: complexidade, idas e vindas, preenchimento, felicidade, tristeza, corações partidos, amores correspondidos, amores não correspondidos, amores platônicos.

De certo modo, todo mundo vai experimentar sensações parecidas com as descritas acima. Amar, se apaixonar... Eu cheguei à conclusão de que isso não ocorre apenas no campo afetivo entre duas pessoas, mas pode definir também o relacionamento de uma pessoa com uma cidade, uma nação, uma ideologia. Eis a complexidade do tema, mas eu não quero me prender a isso (para evitar divagações maiores).

É certo que amaremos e pode ser que sejamos correspondidos (ou não). A maneira com a qual lidamos com a possibilidade de "não ser correspondido" faz toda a diferença -  e no pacote da rejeição existem inúmeras questões, a maioria delas estão muito ligadas à auto-estima.

Talvez em meio a todos esses sentimentos controversos e todos os desencontros, nós (com maturidade) percebamos que não adianta sofrer tanto, nem se cobrar tanto. E não adianta um boicote a si mesmo, tampouco auto alflagelar-se.

É preciso compreender que, na vida, acontece de você "amar alguém" e não ser amado, não ser correspondido. E acima disso, não importa o que você faça, não é possível fazer com que alguém te ame. Essas coisas simplesmente acontecem...


De fato, eu parei para pensar nesse assunto após o anúncio da morte de uma mulher que cantava suas dores, que dizia quem era e o que sentia com uma transparência invejável. Eu confesso que a última vez que escutei um de seus álbuns essas mesmas questões me vieram à mente.

Afinal de contas, a visão que eu tenho de Amy Winehouse é de uma mulher com problemas de auto-estima que amava intensamente mas que infelizmente não foi correspondida, e que sofreu por isso. Talvez o excesso em tudo tenha contribuído para isso - sucesso,  dinheiro e drogas não conseguiram comprar "o amor", tampouco amenizar as dores que ela sentia.

Posso simplificar ou então dar uma interpretação muito própria a respeito da complexidade que foi a vida da problemática cantora... mas eu não consigo analisar de outra forma ao ouvir Tears Dry on their Own ou Back to Black.

Amy não pode ser lembrada apenas como o paradoxo entre a irresponsabilidade e o talento.

É bem verdade que nós não sabemos o que se passava em sua vida - mas se suas letras dão alguma pista, e seu romance frustrado com Blake Fielder-Civil servem como indícios, eu posso me lembrar dela como alguém que amou intensamente e pode não ter conseguido superar uma rejeição.

Abaixo, a belíssima voz de Adele cantando "I can't make you love me", um cover de Bonnie Ratte.




4 comentários:

  1. a impressão que eu tenho dela é de uma pessoa que precisava de ajuda, mostrava isso pra todo mundo, mas que nunca conseguiu alcançar isso. e aí eu fico até meio revoltada quando vejo gente chorando no enterro dela... na minha cabeça é meio-que hipocrisia. e é muito triste ver algo assim... mesmo pra quem não era fã dela, como eu. o ser humano foi criado para ser amado e não rejeitado sempre. e, pra mim, lágrimas em um funeral nunca valerão mais do que um abraço em vida. (e, puxa! que música triste, hein...)

    saudades de você! (:

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  2. Você arrasou, sério. Um dos que eu mais gostei até hoje.
    'E acima disso, não importa o que você faça, não é possível fazer com que alguém te ame. Essas coisas simplesmente acontecem...'

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  3. Essas coisas simplesmente acontecem, e ficamos na eterna questão de nunca saber o que fazer.
    Adorei seu texto, e também vejo a Amy assim, ela era muito mais que uma grande voz e drogas.

    PS: essa música foi pra cultivar a depressão.

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  4. E afinal de contas, acho eu, quando conseguirmos verdadeiramente gostar da gente mesmo, somos tbm capazes de cuidar e tratar-nos bem, sejamos nós comuns ou incrivelmente famosos..
    Gostei dos 'ligamentos' do seu texto!

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