sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Round my hometown


Round my hometown
Memories are fresh
Round my hometown
Ooh the people I've met


Não, ela realmente não existia ali... O céu era muito mais belo sem sua presença imponente – ferragens de uma modernidade que não pede licença, que parece brincar com nossos olhos e nos mostrar que tudo passa...

Isso acontece quando voltamos a um lugar significativo pra nós. Parece que, de alguma maneira, congelamos aquela paisagem em nossa imaginação. Não queremos que se perca, ainda que não estejamos mais lá. É o sentimento de pertencimento diante de um lugar que não é mais nosso habitat. Isso pode se tornar doloroso quando o passado parece atormentar e o presente atesta que uma casa não é necessariamente um lar.

Mas nuvens vistas dali eram poéticas, eram livres. O céu rubro de uma pequena cidade que agora existe apenas no imaginário. Diante das imagens gravadas na memória, o que vejo agora são desconhecidos - fragmentos de um passado, modernidades de um semáforo.

Uma imagem modificada de um lugar que ficará pra sempre na memória. O velho sentimento de que mudamos, crescemos, buscamos e adquirimos novas prioridades. Lembro-me de uma frase que diz: "Você já pensou que essa cidade pode ser pequena demais pra você, e que talvez seus sonhos sejam grandes demais pra essa cidade?”.

Mas agora fios se cruzam em meio àquele céu e antenas são erguidas, aquele já não é mais o lugar que ficará pra sempre na minha memória. Andando pelos mesmos caminhos, revisitando alegrias e tristezas - eu não reconheco o lugar que um dia chamei de casa. Ah, este passeio nostálgico, de saudades que eu gosto... Sonhos, sons, amores, cheiro, livros - era tudo tão característico!

Mesmo que doa, é necessário olhar para a janela, ainda que a visão não seja como antes. Como me disse um velho sábio (o homem que calculava) nos corredores do colégio que só existe na memória: "não é bom dizer que o passado foi melhor do que o presente, ainda que os anos passados deixem essa sensação". Talvez seja apenas um sinal de que tudo muda sempre, até mesmo eu!

I've been walking
In the same way as I did
Missing out
The cracks in the pavement
And tutting my heel
And strutting my feet
"Is there anything
I can do for you dear?
Is there anyone I can call?"
"No and thank you, please Madam
I ain't lost, just wandering"




3 comentários:

  1. Essa seria a vista da sua janela em Mineiros?

    Um dia quero conhecer a cidade, dica.

    p.s.: tb li "O homem que calculava" no colégio! Ótimo! xD

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  2. Malba tahan é realmente um excelente escritor.

    mas mineiros é o 'ideal' apenas no pensamento... hehe

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  3. Tudo bem que eu nunca mudei, mas também tem lugares que eu sinto que são pequenos pra mim.
    Não é puxação de saco, mas vc arrasou no texto hahaha
    eu adorei!

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