quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fragmentos do sertão, 2009.

Há horas cruzando o sertão da Bahia. O velho rio São Francisco já passou, e eu prossigo entre morros, pedras e vilarejos que parecem estar perdidos no tempo, totalmente isolados. Por aqui, o tempo parece ter parado e os quilômetros se tornaram insignificantes diante das muitas curvas...

No meio do nada surgem ruas estreitas, casas de barro, cercas construídas com galhos secos entrelaçados. Nas portas das casas as pessoas esperam o sol se pôr. São cidades invisíveis – povoados invisíveis. Pessoas perdidas em meio às montanhas. Vegetação rasteira, árvores de pequeno porte e o céu... ah, o céu! Já tingido de vermelho, rubro, tornando a imensidão dourada.


As antenas apontadas para os céus indicam que aquele povo simples não está perdido como se pode dizer de modo apressado. Os semblantes revelam uma alegria sofrida, um sorriso típico de brasileiros - pessoas simples, sentadas ali à beira da avenida de terra, cortando o pequeno vilarejo. Passando por estes lugares, me lembrei de uma canção que diz: 


“... se a TV estiver fora do ar, quando passarem os melhores momentos da sua vida, pela janela alguém estará de olho em você.” 


Naquele momento eu estava na janela, e eles tinham - em cada casa de madeira - suas parabólicas apontadas para o infinito.

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